Entre as arcadas do violoncelo


Recebi uma bela indicação da aluna Marcele Ribeiro, confirmando toda a musicalidade da poesia simbolista.

Vejam  como as arcadas do violoncelo choram nas mãos de Mischa Maisky, bem  ao estilo de Camilo Pessanha






VIOLONCELO

Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...

De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.

Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...

Trémulos astros...
Soidões lacustres...
– Lemos e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!

Urnas quebradas!
Blocos de gelo...
– Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
( Clepsidra, 1922)



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