Ao se falar de literatura, bem como de seu estudo e ensino, logo nos vêm à mente algumas questões inquietantes: Por que estudar literatura? Para que ensinar literatura? O que ensinar?
Sinto muito, não há respostas conclusivas. Mas vejamos algumas reflexões.
Primeiro, ao ensinarmos literatura, qual é nosso objetivo? Ora, se for simplesmente ampliar o universo cultural de nossos alunos, teríamos outras formas artísticas a explorar, como a música e a pintura. Nesse caso, a literatura seria apenas mais uma arte inclusa no âmbito dos estudos culturais e estéticos, e não precisaríamos estudá-la em separado.
Entretanto, caso nosso objetivo seja propiciar a aquisição e ampliar o conhecimento da linguagem de nosso público, é claro que os textos literários são valorosos, mas não são os únicos e poderiam ser inclusos no infinito rol de textos de qualidade de esferas múltiplas.
Como se vê, esses dois objetivos dissociados não justificam o ensino de literatura, já que o texto literário vai muito além desses “rótulos”, apresentando um valor específico, que justifica e legitima seu estudo, ultrapassando os limites culturais e de linguagem.
Recordemos o que diz Nelly Novaes Coelho (2000, p. 10): “A literatura é um fenômeno de linguagem plasmado por uma experiência vital/cultural direta ou indiretamente ligada a determinado contexto social e a determinada tradição histórica”. Dessa forma, o confronto com a literatura , vista simultaneamente como um objeto cultural e um fato de linguagem, enriquece nossa existência.
Segundo Vincent Jouve (2012, p. 163), o texto literário é “portador de saberes que estruturam nossas representações”, além de se inscrever em “um legado que ele transmite e reavalia”. Por tal razão, os estudos literários favorecem o espírito crítico e reforçam nossas capacidades de análise e reflexão, bem como favorecem nossa liberdade de juízo.
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